4.2.
SEGUNDO PROCEDIMENTO:
PERÍODO DE APLICAÇÃO PRÁTICA
(DINÂMICA DA PRÁTICA REAL DOS ATOS NA
COTIDIANIDADE)
4.2.1. ANÁLISE DO TÍTULO DESTE PROCEDIMENTO
a). Período. Porque este Segundo Procedimento é
desenvolvido em determinado período de tempo, ou sejam, sete dias, como
intervalo entre duas Sessões de Trabalho Semanal.
b). Aplicação. Porque nesse período, os educandos são
motivados e preparados para aplicarem na vida real cotidiana o que lhes foi
induzido nas quatro Dinâmicas Pedagógico-Espirituais que compõem a Sessão de
Trabalho Semanal, que precede a este Período.
c). Prática. Porque esta aplicação é
totalmente prática, ou sejam, identificações de eventuais e reais oportunidades
de praticar os atos da perfeição em desenvolvimento na ocasião.
4.2.2. DEFINIÇÃO. Dessa análise, extrai-se a
seguinte definição desse Segundo Procedimento:
a). Período de Aplicação Prática. É um espaço
de tempo de sete dias, entre duas Sessões de Trabalho Semanais, durante o qual
os educandos dispõem de reais, porém eventuais, oportunidades de praticarem
atos concretos da perfeição que esteja em tela.
b). Para isso, os educandos vivenciam
situações de ofertas naturais, urbanas, de variegada natureza, como diversões,
entretenimentos; atividades escolares, religiosas, esportivas, sociais,
artísticas, domésticas, etc., durante as quais acontecem espontaneamente
encontros, harmônicos ou conflitivos, com pessoas diversificadas, podendo
configurar oportunidades de cometimento dos atos acima referidos.
4.2.3. OBJETIVOS (desse período):
a). Primeiro. Promover o crescimento espiritual
pedagógico, moral e espiritual, dos educandos, comportando metodologia,
programação, fundamentação, intencionalidade, sistematização e afetividade.
— Esse
crescimento, ou enriquecimento espiritual dos educandos, dá-se justamente nesse
Período de Aplicação Prática, quando o educando pratica na realidade atos de
alguma das oito perfeições do Catálogo Curricular desta Pedagogia da
Espiritualidade.
b). Segundo. Concorrer preponderantemente na
formação paulatina dos hábitos de cada uma das perfeições espirituais. O que
ocorre na própria prática continuada dos atos neste período.
4.2.4. COMPOSIÇÃO (do Período). Nesse espaço
de sete dias, muitas situações, episódios, ocorrências podem despontar.
Todavia, o que realmente interessa à Pedagogia da Espiritualidade são os
encontros com pessoas, durante os quais podem surgir as oportunidades dos atos.
Mas essas oportunidades só são identificadas pelos educandos se estiverem
atentos a essas eventualidades.
a). Comparado, dentro do Ciclo de
Desenvolvimento Espiritual com Sessão de Trabalho Semanal, esta Sessão funciona
como atividade-meio e o Período de Aplicação como atividade-fim.
4.2.5. VALOR DA ATENÇÃO
a). A Atenção assume importância fundamental
neste período, pelo seu fator de intencionalidade, isto é de se voltar para um
objeto bem determinado, mas que não está à vista física dos educandos, mas sim
à visão de aguardo, de espera na mente pré-consciente1. Atenção essa
que recebe o nome de ”Atenção Expectante”, que não é permanente, o que seria
impraticável nesse longo período de 7
dias contínuos e muito intermitente. Contudo, que pode essa atenção ser
desencadeada, ativada, emergida, do estado expectante, e tornada consciente; e
desponta eventualmente quando o educando é surpreendido pelo surgimento súbito,
ou não, por uma oportunidade de praticar um ato da perfeição que estivera em
desenvolvimento, e na presença de alguma pessoa, em diálogo com ela.
1Disponível no
consciente por um pequeno esforço mental. “Processo psíquico latente do qual
não se dá conta a pessoa em um momento determinado, porém que pode trazer à
consciência mais ou menos efetivamente” (Dic. De Psicologia – H.C. Warren,
Editor – Buenos Aires).
b). Qualquer forma de contacto, de encontro
social com qualquer pessoal, conhecida, ou não, já alerta o educando para a
atenção expectante, mas só a oportunidade, assim caracterizada de possível ato
no decurso desse diálogo, discussão, controvérsia, ou de qualquer outra
natureza, é que “dispará” a atenção expectante para a conscientização da
oportunidade a ser aproveitada.
c). Por exemplo. O educando está visitando um
shopping-center, percorrendo distraidamente suas dependências; mantendo
submersa na mente a sua atenção expectante. Para a qual foi preparado pelos
processos das quatro Dinâmicas da anterior Sessão de Trabalho Semanal na
escola, onde freqüenta as atividades da Pedagogia da Espiritualidade. E foi
suficientemente treinado na Dinâmica de Preparação, para bem aproveitar o
Período de Aplicação Prática que está vivenciando. Ocasionalmente, encontra um
colega de escola. Após os cumprimentos sociais, iniciam eles uma conversa,
durante a qual vem à baila o último jogo de futebol (costumeiro provocador de
querelas). É ativada naturalmente a atenção expectante do educando. O jogo fora
vencido pelo seu time contra o clube do colega. Este se altera e denuncia que o
jogo foi roubado pelo juiz; descontrola-se e afirma que só torce pelo clube do
educando pessoas ignorantes e otárias.
d). Mesmo muito ofendido, o educando rebate
as ofensas do colega, defendendo seu clube. Após um bom tempo da disputa,
conscientiza-se de que está diante de uma oportunidade real de perdoar;
acalma-se e diz ao ofensor que o perdoa com toda a sinceridade. E assim comete
um ato de indulgência. E despede-se educadamente do seu adversário (nessa
discussão).
— Consumado
e declarado o ato de perdão, o educando deve ter conquistado um pequenino
acréscimo no seu nível espiritual. Tudo indica que sinta uma diminuta
satisfação íntima e proporcional elevação de sua auto-estima e até de
felicidade.
— O
sistema mental, que fora, desenvolvido, e até treinado pelo educando, na prévia
Sessão de Trabalho, funcionou no Período de 7 dias de Aplicação como o educador
almejara. Não fora a atenção expectante que saltara do pré-consciente para o
consciente pelo surgimento súbito da oportunidade de cometimento do ato, a
oportunidade de um pequeno enriquecimento da alma teria se esvaído sem nenhum
aproveitamento.
— A
falha dessa atenção do espírito do educando, quando invigilante (desatento),
aborta, já de início, toda a articulação pedagógica e didática do Ciclo de
Desenvolvimento Espiritual. A atenção, portanto, apesar de apenas expectante e
pré-consciente, ocupa posição prioritária, de abertura de todo esse sistema dinâmico-pedagógico.
O qual culmina nesse funcional (útil, proveitoso) Período de 7 dias para
Aplicação Prática em situações reais de atos espirituais.
4.2.6. PELOS EXERCÍCIOS PREPARATÓRIOS (da
Dinâmica de Preparação). Os educandos entram neste Período de Aplicação,
“engatilhados” por um dispositivo mental subconsciente de expectação, a ser
acionado pelas eventuais e espontâneas oportunidades de atos que possam surgir.
a). Pode-se comparar esta atenção expectante
“engatilhada” ao diafragma de uma máquina fotográfica que permanecesse sempre
aberta para captar a imagem de alguma cena aguardada com muito interesse, e que
dispara automaticamente o flash quando a imagem surge.
— Para
mais esclarecimentos sobre o valor da atenção, consultar o III Tomo (Estudos
Complementares) da presente obra.
4.2.7. O VALOR INSUPRÍVEL DA ATENÇÃO.
a). Deverá o Educador da Espiritualidade
destacar com insuperável convicção moral e espiritual para seus educandos o
valor e importância decisivo da ATENÇÃO durante os 7 dias do Período da Aplicação
Prática para aquilo que lhes foi proposto nas quatro Dinâmicas
Pedagógico-Espiritual durante a Sessão de Trabalho Semanal.
b). Sem ela, a ATENÇÃO (expectante), sucumbe todo o
sistema psicopedagógico da espiritualização das almas-educandas. Porque na
ausência dela, passam ao largo dos desatentos as oportunidades despercebidas,
sem nenhum aproveitamento. Ignorados esses momentos de crescimento espiritual,
os atos possíveis de serem cometidos ficam desprovidos dos seus objetos únicos
de aplicação. E o educando perde as ocasiões de progredir espiritualmente. E
ainda superveniente, de acréscimo, a perda do deleite espiritual muito pessoal
do “ceitil” de enriquecimento anímico, da conseqüente proporcional parcela de
felicidade, cada vez que ele, educando, deixar escolar a oportunidade de
evolução e conseqüente bem-estar moral e espiritual.
4.2.8. O VALOR IRRECUSÁVEL DA COTIDIANIDADE
(para a Pedagogia da Espiritualidade).
a). A cotidianidade (o dia-a-dia comum,
rotineiro, trivial mesmo, em todos os dias, em princípio proporcionada a
qualquer homem comum é o verdadeiro “habitat”1 social, moral e
espiritual, adequado ao desenvolvimento da espiritualidade. É na cotidianidade
que o homem se encontra atraído tanto pelo bem quanto pelo mal, e se exercita
na opção pelo bem — se assim se dispuser moralmente — tantas são as
oportunidades simples de ser caridoso e não egoísta, de ser indulgente e não
vingativo ou rancoroso, humilde e modesto e não soberbo e vaidoso, esperançoso
e otimista e não desesperado e pessimista, justo e não injusto, honesto e não
desonesto, verdadeiro e não mentiroso, leal e não desleal ou traidor.
1Habitat. Ecologia –
Conjunto de circunstâncias físicas e geográficas que oferece condições
favoráveis à vida e ao desenvolvimento de determinada espécie animal ou
vegetal. Por extensão – Local onde algo é gerado, encontrado ou onde alguém se
sente em seu ambiente ideal (dic. Houaiss).
2“Mis-en-scène. Organização
material de uma representação teatral. E, por extensão, cena (fingimento,
simulação)” (dic. Houaiss).
b). Procure o leitor, ou o estudioso desta
obra, fazer o retrospecto de uma semana apenas de sua vida e vivências
cotidianas em “flash-back” (lembrança) e ficará surpreso com tantas
oportunidades que lhe foram apresentadas, nos contactos sociais de qualquer
natureza, com diversas pessoas, seguidas de “convites” à prática dos atos acima
listados.
c). O tão trivial, costumeiro e distraído
lançamento de um papel, casca de fruta, ou toco de cigarro ao chão em qualquer
lugar, e não apanhá-lo, é já um ato de injustiça urbana, e continuada pela
não-reparação. E, se repetido várias vezes durante muito tempo, cria na pessoa
o nocivo hábito de poluir os ambientes, e muito difícil de ser erradicado dessa
pessoa.
d). Não são os grandes e graves atos
cometidos, quer do bem, quer do mal, que mais concorrem para a espiritualização
das almas ou para a estagnação espiritual e moral delas, em que pese a sua
carga bem maior do que os atos cotidianos comuns. Porque são muito raros, e,
por isso, pouco concorrem na formação dos bons ou maus hábitos. Prevalecem
muito mais os atos singelos mas cotidianos, pela sua alta freqüência. E daí
decorre a intimidade muito estreita entre Pedagogia da Espiritualidade e
cotidianidade, o que não se verifica com os atos esporádicos e singulares,
apesar de sua gravidade intrínseca.
— X – X —
4.2.9. VALOR DAS OPORTUNIDADES
a). As oportunidades (de atos) são as
ocasiões tecidas natural e espontaneamente, sem qualquer “mis-en-sciène2”,
pelas circunstâncias de tempo, lugar, pessoas, acontecimentos, atos e fatos.
Mas principalmente nos encontros interpessoais que enredam o educando em tramas
simples de vivências articuladas entre si. O que pode acontecer principalmente
no lar, na escola, no templo, ou em qualquer outro lugar da comunidade, ou na
convivência urbana em geral. São as abundantes e variadas ofertas de diversões,
entretenimentos, compras, alimentos, guloseimas, esportes, práticas religiosas,
festas, etc. Em encontros e contactos, eventuais, ou não, com familiares, colegas,
mestres, vizinhos, amigos, confrades (de crença), etc., conhecidos, ou mesmo,
desconhecidos.
b). Essas ocasiões são os alvos, ou objetos,
preferenciais, quase exclusivos, dos educandos no Período de sete dias de
Aplicação Prática.
Podem, as oportunidades, ser consideradas
como “convites” informais das circunstâncias ao enriquecimento espiritual dos
educandos a isso predispostos pedagogicamente.
c). São tão importantes e decisivas essas
oportunidades de atos reais — não fictícias, nem montadas — nas puramente
espontâneas e até imprevisíveis, que podem ser consideradas como determinantes
do almejado aperfeiçoamento moral e espiritual, ou, “a contrario sensus”, da
inaceitável, mas possível, e até muito freqüente e generalizada estagnação em
baixo nível espiritual, individual e coletivo (em média).
d). Espectro não exaustivo) os sítios-fontes
das oportunidades:
- lares -
cinemas - clubes - restaurantes
- escolas -
teatros - festas - lanchonetes
- templos -
shows - danceterias - cafés
- bibliotecas -
praças - campos futebol - livrarias
- ruas -
estádios - museus - parques
- ginásios -
academias - repartições - shoppings
- bancos -
lojas - clínicas - casas lotéricas
- supermercados - postos de saúde -
etc. etc.
— Em
suma, em qualquer lugar nos quais se encontrem pessoas, que eventualmente
possam interagir com os educandos, ocasionando situações que desenhem essas
oportunidades de atos de caridade, indulgência, humildade, etc.
— X
– X —
4.2.10. VALOR DOS ATOS (COMO O PONTO
CULMINANTE E CRÍTICO DE TODO O PERÍODO DE APLICAÇÃO PRÁTICA).
a). Pode-se estender ainda mais esse ponto
culminante como sendo também de toda a Pedagogia da Espiritualidade.
— Para
bem expressar esse valor do ato, foi montado um fluxograma de funções, causas e
feitos que recebeu o nome de Esquema-Síntise do Período de Aplicação e cujo
centro de gravidade é ocupado pelo educando em sua função de autor, agente, do
atos.
— Para
destacar esses valor, passa-se a expor todo esse fluxograma.
4.2.11. 1º ÁREA – OS INSUMOS1
ESPIRITUALIZANTES
a). Esses insumos são energias em forma de
Dinâmicas Pedagógico-Espirituais que exerceram seu poder eficiente sobre os
educandos na anterior Sessão de Trabalho Semanal. Foram as Dinâmicas de
Conscientização, de Imaginação, Motivação e Preparação.
1“Insumos. Cada um
dos elementos (matéria-prima, equipamentos, capital, horas de trabalho, etc.),
necessário para produzir mercadorias ou serviços” (DIC. Houaiss). Aqui
empregados em sentido figurado.
b). Neste esquema do período de Aplicação, as
Dinâmicas aparecem, porque os educandos trazem para este período nas suas
mentes, ou consciência, a lembrança, do que puderam incorporar na Sessão de
Trabalho em sala, na escola; para sentirem depois neste Período, fora da
escola, e durante sete dias, dentro deles mesmos, estuando, essa força e
influência para praticarem os atos almejados e para o que foram.
4.2.12. ESQUEMA-SÍNTESE DO PERÍODO DE
APLICAÇÃO PRÁTICA
a). É uma radiografia do vigamento do Período
de Aplicação Prática.
— Um
ensaio de seqüenciamento da passagem dos insumos pedagógicos às vivências
espirituais amoráveis pelos educandos.
b). O Esquema é composto por quatro áreas:
— 1ª
Áreas – convergente – situada à esquerda e mobiliada pelos insumos
espiritualizantes;
— 2ª
Área – centralizadora – em posição central e ocupada pelos educandos e seus
atos reais praticados com pouco esforço e espiritual;
— 3ª
Área – divergente – a direita do centro e lotada pelos oito hábitos em
formação, ou já formados, das perfeições espirituais;
— 4ª
Área – divergente – direita (extrema), ocupada pelas amoráveis vivências
espirituais dos educandos pedagogicamente preparados.
c). Alinha-se ainda como força eficiente
sobre os educandos, embora distante deles, o educador, cuja influência moral e
emocional se faz sentir sobre os educandos, porque remanescem no espírito
deles, como acontece com todas as influências morais e emotivas.
— E
não se pode desprezar as circunstâncias da cotidianidade, aquelas vivências do
dia-a-dia, riquíssima em experiências de várias naturezas. Situações que
desafiam os educandos em situações concretas, reais: “sou justo, ou não?”, “sou
honesto, ou não?”, “sou verdadeiro ou mentiroso?”. São, essas – forças
circunstanciais que atuam sobre os educandos nesses sete dias, formalizando as
oportunidades de atos.
— É
de alta relevância dinâmica a ação sobre eles da atenção expectante dentro
deles mesmos, formando um estado de tensão em suas mentes de aguardo, de
expectação.
— E,
como último insumo eficaz e global todo o Ciclo de Desenvolvimento Espiritual
composto pelas Sessão de Trabalho Semanal e pelo período de Aplicação Prática,
cuja lembrança de conjunto nas mentes dos educandos atua submersamente:
rejuntando todas as outras dinâmicas e forças para um efeito unitário,
condensado.
d). CONSLUSÃO.
Reconhece-se: o educando, nesses sete dias, é dono de sua livre vontade e pode
ficar fora e isentar-se, ou mesmo desobrigar-se de todas essas influências
benéficas, levados em conta os objetivos sadios e tão elevados da Pedagogia da
Espiritualidade. Mas também é verdade que o educando não possa nesses dias
evitar uma briga, receber um insulto, sofrer injustiças, padecer de esnobações,
ser ridicularizado, tentado a uma ação desonesta, traído, ou ter ofendido
alguém sem reparar o mal praticado, perder a amizade de alguém, etc. etc. É
nessas ocasiões que o educando não pode, de modo nenhum, abster-se, sacudir de
si, despojar sua alma dos eflúvios tão carinhosos, fraternos, afáveis e serenos
do seu Educador da Espiritualidade. Contudo, também ardentes e convincentes, na
sua indispensável eficácia pedagógica e didática. Sem imposição,, cobranças,
doutrinação, ou assédio moral, proscritos desta Pedagogia, porque
comprometeriam e abalariam a liberdade moral de agir, sufocando o mérito das
boas ações, assim esvaziadas de qualquer efeito educativo.
Descerra-se assim à
visão interior do educando o precioso “momentum” de pequenino degrau de
ascensão espiritual. Por isso, após esse ponto crítico e culminante da prática
efetiva do ato, o espírito do educando já não é o mesmo: deu um diminuto passo
na escalada da espiritualidade, ou seja, na pontuação do extensão roteiro
evolutivo de aprimoramento moral e espiritual. E ainda, a par de conseqüente e
proporcional naco de felicidade. Sendo esta nada mais do que o gozo espiritual,
o deleite, a fruição íntima das perfeições que a alma do educando vai
progressivamente incorporando ao seu patrimônio anímico. Até a realização
remota do Grande Almejo e glorioso Anelo: a consumação da progressiva e
vagarosa formação dos hábitos das perfeições espirituais, ponto final do
desenvolvimento integral delas.
4.2.13. 2ª ÁREA –
CENTRO DE GRAVIDADE DO ESQUEMA
a). É ocupada pelos
ATOS REAIS, porventura praticados pelos EDUCANDOS nesse Período.
b). Este centro é
PONTO CULMINANTE, porque nele deságuam e convergem os nove Insumos
Espiritualizantes: um leque homogêneo, e, por isso, sinérgico, desses
Dinamismos Espiritualizantes, tanto dos educandos quanto dos seus atos das
perfeições espirituais.
c). É PONTO
CRÍTICO, porque neles, nos educandos, que o ocupam; acumula-se uma tensão1
insustentável, tendendo inexoravelmente para uma descarga de energia, ou
distensão, que descarrega essa força moral e espiritual acumulada na prática
dos atos almejados.
1Tensão,
comparável à tensão elétrica que tende para a descarga, quando atinge um
desequilíbrio crítico altamente instável de voltagem.
d). É PONTO DE
MUTAÇÃO, porque nele se processa um metabolismo, dentro dos educandos, quando
frente à oportunidade de ato, padecem de um conflito íntimo e moral entre o seu
próprio bem (prática do ato) e o seu próprio mal (renúncia ao ato e conseqüente
estagnação, desprezando a oportunidade que a vida cotidiana lhe oferecia de
ascensão espiritual. Qualquer que seja a decisão do educando, a tensão dinâmica
polivalente que trouxe da Sessão de Trabalho se transforma em bem-estar moral e
espiritual (na prática do bem); ou em mal-estar, também moral e espiritual, e
baixa-estima, (no caso da estagnação).
4.2.14. 2ª ÁREA –
DOS HÁBITOS ESPIRITUAIS
a). Esta área
abrange a totalidade das oito perfeições espirituais que compõem o Catálogo
Curricular da Pedagogia da Espiritualidade.
b). Porém,
retomam-se agora essas perfeições segundo uma visão mais funcional, ordenada à
função de revestirem-se da forma bem mais desenvolvida de hábitos morais e
espirituais que é o destino pedagógico final de todas essas oito perfeições
espirituais: desenvolverem-se e transformarem-se em hábitos.
c). Não é nada
eficaz, e muito menos suficiente, para a evolução do espírito humano, tanto
individual quanto coletivamente, a prática aleatória escassa, assistemática, e
até com débil intencionalidade dos atos das chamadas virtudes, valores, ou do
que podem receber o nome de Perfeições Espirituais.
d). É no estado
final de hábito que cada perfeição atinge a plenitude, o pleno desenvolvimento
do seu potencial espiritual. Os educandos que atingirão esse nível, de
determinada perfeição, já não dispendem nenhum esforço moral para praticarem os
atos dessa perfeição, livre, espontânea e natural terão assumido: criarão uma
segunda natureza, como afirmou Aristóteles.
e). Os atos
adquirem seu máximo valor educativo quando, repetidos suficientemente, vão
formando o hábito: o grande objetivo.
f) É o clímax da
Pedagogia da Espiritualidade. Assim, cada hábito espiritual de uma perfeição é
resultado do efeito cumulativo de uma grande quantidade de atos singulares
dessa perfeição.
g). Alguns
psicólogos admitem que cada ato de uma perfeição cometido exteriormente,
deposita no inconsciente um pequeno resíduo que, acumulado por muitos atos da
mesma perfeição forma, um hábito. Daí o automatismo, a facilidade do agente em
praticar outros atos da mesma natureza, sem esforço.
h). Assim sendo, na
área das funções superiores do Período de Aplicação Prática, cada ato cometido
por todos os educandos nos vários Períodos de um Curso de 2 anos desta
Pedagogia1 estão todos apontados para a formação dos hábitos.
1Cálculo:
2 anos – 16 meses letivos. 16 meses X 4 semanas = 64 semanas = 64 Períodos de
Aplicação Práticas.
2Alguns
analistas da Teologia Moral avaliaram a felicidade como a única recompensa
justa do bem moral praticado.
4.2.15. 4ª ÁREA –
DAS AMORÁVEIS VIVÊNCIAS ESPIRITUAIS
a). Estas vivências
subjetivas, também de natureza espiritual, são conseqüências de formação árdua
e diuturna. Mas não são recompensas desses ingentes esforços pessoais, apesar
de externamente meritório. O bem-estar moral, o deleite, a própria felicidade,
todos de natureza espiritual, não podem ser ajuizados como prêmios ao esforço
de aperfeiçoamento e evolução anímica. Tal recompensa subtrairia o teor moral
desse comportamento. O lidimo valor moral não pode ser condicionado a uma
recompensa futura. Por isso, é sempre conseqüência, mas certa e infalível,
embora não deva ser visada pelo agente2: o bem puro não estabelece
preço para sua conquista. Lembraria a venda das indulgências (recompensar)
celestes instituídas pelo papa Leão X no séc. XVI (1517).
B). Nesta área
acham-se registrados amoráveis, e afáveis vivências íntimas de ternos
sentimentos, confiança, amor, deleites espirituais, felicidade, etc., como
conseqüências do cultivo dos hábitos morais da caridade, indulgência,
humildade, esperança, justiça, honestidade, veracidade e lealdade. Elas geram
as conseqüências: o sentimento de dignidade, o deleite espiritual desses
hábitos, a auto-estima, a empatia, o amor ao próximo a espiritualidade, e
enfim, a felicidade.
— X
– X —
4.2.16. DOS ATOS COM ESFORÇO AOS ATOS SEM
ESFORÇO
a). O certo dos nove insumos pedagógicos
espiritualizantes em torno do educando, este em posição central), visa
representar a ação de induzi-lo a praticar os atos da perfeição focalizada.
Para o que motiva o indispensável esforço pessoal.
b). Todavia, após longo tempo, formados os
hábitos, pelo esforço pessoal e árduo do educando, os atos passam a ser
cometidos praticamente sem esforço. Assim possibilitados pelo efeito cumulativo
do automatismo psicológico na intimidade do educando.
c). Esse metabolismo força à automatismo está expresso no
Esquema-}Síntese do período de Aplicação Prática, no trânsito do Centro de
Gravidade (esforços do educando) para a área dos hábitos, sublinhando as flexas
de cada hábito com a indicação “atos reais sem esforço”.
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