segunda-feira, 25 de abril de 2016

Textos 4-5

4.5. QUINTA DINÂMICA HISTÓRICA
DE DESENVOLVIMENTO DA ESPIRITUALIDADE

PELA EDUCAÇÃO
PROPRIAMENTE DITA
(EDUCAÇÃO MORAL, SOCIAL, CÍVICA E ESPIRITUAL)

(VISA AO COMPORTAMENTO — À EDUCAÇÃO DA ALMA)

4.5.1. CONCEITUAÇÃO
a)      Trata-se não da educação “lato sensu” e abrangente generalizante, mas sim da educação “scrip sensu”, em sentido estrito e específico, ou seja, da educação propriamente dita. Bem distinta da educação genérica convencional. E, mais ainda, da instrução (conhecimento). Educação específica e instrução podem ambas tratar da moral, porém, a segunda, interessa-se pelo conhecimento moral e a educação propriamente dita, visa a prática efetiva da moral, motivando os educandos para o cometimento cotidiano de atos dos valores morais.
b)      Ora, o comportamento — envolvendo a responsabilidade do agente, que deve, por isso, responder1 pelos seus atos; que é livre para praticar o bem ou o mal (livre-arbítrio) — só pode ter por fonte e origem a alma. A matéria orgânica, por perecível e degradável, mutável não pode ser fonte dessa responsabilidade. E abstraindo o orgânico e físico do homem, só resta a alma, que decide, optar por este ou aquele ato, ou comportamento que é o alvo desta dinâmica histórica da educação propriamente dita (moral, social, cívica e espiritual).


1Responder: ser ou ficar responsável; responsabilizar-se (todo cidadão maior responde pelos seus atos) (dic. Aurélio).

E acrescente-se, responder é ser responsável, por ter alma. Porque o corpo físico não passa de matéria organizada, e, por isso, não pode ser responsabilizado por nada: está subjugado à alma, a quem deve obedecer.
c)      Assim argumentado, não se pode deixar de acolher a idéia de que essa educação, assim conceituada, visando ao comportamento livre e responsável, seja a educação da alma.
d)      Bem diferente, portanto, da instrução (conhecimento intelectual): um conhecimento, como conhecimento, e só conhecimento sem os atos livres1 não pode ser taxado de moral ou imoral. O comportamento sim. E a moral é um apanágio exclusivo da alma.


1RESSALVA: a instrução, como educação para o conhecimento, e só como conhecimento, e apenas transmissão deste aos educandos, em si mesmo não é moral nem imoral. É apenas amoral. Confirma-se. Contudo, ele pode envolver atos livres morais ou imorais, envolvendo, responsabilidade da alma do mestre e daqueles que recebem esses conhecimentos.
     se esses conhecimentos são morais ou imorais;
     se a transmissão é sincera ou não de parte do mestre;
     se o mestre está cumprindo bem o seu dever e correlatos princípios morais



e)      Essa educação, assim compreendida, também se identifica em parte com a educação pelos valores humanos, cujos conteúdos são idênticos. Esses valores são as mesmas perfeições espirituais da Pedagogia da Espiritualidade: caridade, esperança,a humildade, indulgência, justiça, honestidade, veracidade, lealdade, etc.

f)       Não obstante, verifica-se uma nítida diferenciação. A educação pelos valores humanos absorve os contornos da instrução, visando apenas ao conhecimento dos valores; enquanto, a educação propriamente dita se destaca principalmente pela didática da prática efetiva, concreta desses valores (chamados de perfeições) na vida cotidiana e simples, isto é, do dia-a-dia de cada educando.

4.5.2. HISTÓRICO
a)      O PROBLEMA. Existiria um histórico da Educação Propriamente Dita, ou seja da Educação Moral, Social, Cívica e Espiritual. Para comportamento humano? Como existiu e existe a Instrução (Educação Intelectual para o conhecimento), já verificada na 4ª Dinâmica Histórica? Se existe ainda, concorreu ela para a espiritualização da humanidade?
b)      ANÁLISE DO PROBLEMA (via indireta, pela Codificação Espírita).
     Pode-se identificar no decurso dos tempos históricos três confrontos, muito integrados entre si, mas com ângulos de visão diferentes:


 Intelectualidade  X  Moralidade


 Ciência  X  Moral


 Instrução  X  Educação


c)      Os fatores móbilos (moventes) estão na 3ª linha de oposições; os fatores móveis (movidos, ocupam as 1ª e 2ª linhas e segundo o sentido das flechas (de baixo para cima).
d)      Quais têm sido os fatores mais preferidos prestigiados, decisivos e preponderantes na evolução da humanidade desde os tempos primitivos até os dias de hoje?: os três da 1ª coluna (instrução, ciência e intelectualidade? Ou os da 2ª coluna (educação, moral e moralidade)?
e)      ENSAIO DA RESPOSTA. Até meados do século XIX, segundo um ensaio de Allan Kardec1 sobre a sucessão histórica das aristocracias (o poder dos melhores), teria havido a seguinte seqüência:


1Em suas “Obras Póstumas” (As Aristocracias).


1ª os patriarcas (anciãos) — 2ª os chefes militares (os fortes) — 3ª os bem nascidos (os nobres) —  4ª os ricos (o dinheiro) — 5ª os inteligentes (a competência econômica) — 6ª a aristocracia intelecto-moral (reunião da inteligência com a moralidade).
f)       Todas as quatro primeiras aristocracias foram históricas, isto é, foram vigentes em suas épocas. A 5ª aristocracia (a dos inteligentes) era a vigente no tempo de Kardec. E a 6ª (a intelecto-moral estava nos meados do século XIX por vir (veja-se: será... tempo futuro). E está por chegar até hoje, século XXI. Ou alguém poderá hoje avaliar que as nações contemporâneas estejam regidas por aristocracias intelecto-morais...???1
CONCLUSÕES. 1ª - As cinco aristocracias que antecedem a que está por vir, nenhuma delas exibe o fator moralidade. Esta nunca integrou qualquer governo. E para o futuro é um vaticínio de Kardec. “O Reino da moralidade” como ele caracteriza.


1“Fora tola pretensão dizer-se que a humanidade chegou ao apogeu...” (Kardec). — “No estado atual das coisas, os maus estão em maioria e ditam a lei dos bons”(K).



2ª - A moralidade jamais triunfou e tem sido uma muito escassa minoria. É verdade que foi recomendada pelos sistemas religiosos das variadas confissões, mas desprovidas de uma pedagogia (ciência) específica para essa educação propriamente dita, a EDUCAÇÃO DAS ALMAS.
CONCLUSÃO FINAL. O panorama histórico desta 5ª Dinâmica Espiritualizante da humanidade não atingiu a sua culminância da educação moral, a educação propriamente dita, ordenada às almas. Todavia, o seu cosmosama se apresenta pontilhado em todos os tempos de ensaios e tentativas fugazes em favor da moralidade, não chegando a constituir uma tessitura alinhavada na sucessão dos séculos.

 E assim a humanidade alcançou o século XXI, despida de uma pedagogia (científica), para a moralização das gerações por vindouras.

     E posteriormente, se o educando fez bom uso dos conhecimentos recebidos, para o bem ou para o mal.

4.5.3. FUNDAMENTOS (doutrinários espíritos).
     (LE – Q.685a, p.2): “Esse elemento (sem o qual a ciência econômica não passa de simples teoria) é a educação, não a educação intelectual, mas a educação moral. Não nos referimos, porém, à educação moral pelos livros, e sim à que consiste na arte de formar os caracteres, à que incute hábitos, porquanto a educação é o conjunto dos hábitos adquiridos”
     (LE – Q.917, p.3): “(...) pela educação que tende a fazer homens de bem. A educação, convenientemente entendida, constitui a chave do progresso moral. Quando se conhecer a arte de manejar os caracteres, como se conhece a de manejar as inteligências, conseguir-se-á corrigi-los, do mesmo modo que se aprumam, plantas novas (...). Faça-se com o moral o que se fez com a inteligência”. “O mal depois de feito, do que a lhe secar a fonte”.
     (LE – Q.796): “Só a educação poderá reformar os homens, que, então, não precisarão mais de leis tão rigorosas”. (que se destinam mais a punir).
     COMENTO. É claro que o texto se refere à educação propriamente dita, à educação moral. Releia-se o texto integral e concluir-se-á que “secar a fonte” (...) da sociedade depravada “não será mister da educação intelectual, e sim, da moral, e nem de leis por mais rigorosas que sejam”.
     (RE – 1864, pág. 40): “(...), sendo o objetivo (do Espiritismo) o progresso moral da humanidade, forçosamente deverá iluminar o grave problema da educação moral, primeira fonte de moralização das massas. Um dia compreender-se-á que este ramo da educação tem seus princípios, suas regras, como a educação intelectual, numa palavra, que é uma verdadeira ciência”.
     (LE – Q.889): “(...) se uma boa educação moral lhes houvera ensinado a praticar a lei de Deus, não teriam caído nos excessos causadores da sua perdição (a mendicância). Disso (da educação moral) sobretudo, é que depende a melhoria do vosso planeta”.
Vide ainda (LE – Qs. 813, 928a, p.2).

4.5.4. EFICÁCIA (espiritualizante)
a)      Os textos doutrinários anteriores (vide) já estão a indicar a eficácia superior desta educação propriamente dita, educação de formação dos caracteres (Q.685 e 917), e a sua exclusividade na reforma dos homens (Q.796).
b)      Essa eficácia supera, em grau de excelência, ainda se sustenta, porque se origina da parte mais profunda e nobre da essência humana. E a mais excelente também: a alma: único princípio permanente, que goza da perenidade cósmica e da mesma natureza do seu Criador: a natureza espiritual.
c)      Esta educação moral, mesmo sem ter alcançado ainda o estatus de ciência e de arte, como Kardec previu, quando então estaria provida da eficiência espiritualizante máxima, poderá ser classificada entre as mais potentes dinâmicas históricas de desenvolvimento espiritual.
As razões dessa eficácia são: ação direta sobre a alma, seus efeitos quase imediatos e a perenidade dos seus resultados: o espírito jamais retrograda.
CONCLUSÃO. A educação moral, sistemática ou eventual, programada ou improvisada, intencional, involuntária ou empírica, metódica ou desordenada, aplicada nos lares, nas escolas, nos templos, tem sido, até agora, um fator de desenvolvimento espiritual da humanidade. E mais produtivo do que a maioria das outras dinâmicas; mas, apesar disso, ainda de escassos reflexos no comportamento moral do gênero humano.
Nos dois complementos finais, adiante dispostos, estão registrados os vínculos de um vaticínio de Kardec sobre uma futura arte e ciência de Educação Moral, o que reforçaria sobremaneira a eficácia espiritualizante desta 5ª Dinâmica Histórica de Educação Moral.

4.5.5. PEDAGOGIA DA ESPIRITUALIDDE (repercussões nesta pedagogia da dinâmica histórica de espiritualização pela educação propriamente dita (da alma).
a)      O vínculo existente entre a educação propriamente dita e a Pedagogia da Espiritualidade é tão estreito, direto, imediato e irrompível, moral e espiritualmente, que até podem se confundir. Ou melhor, se integrarem reciprocamente uma na outra.
b)      A moralidade da educação propriamente dita integra a espiritualidade dessa pedagogia, que é mais ampla. É óbvio, portanto, que, todo progresso moral determina proporcionalmente incremento no desenvolvimento da espiritualidade.
c)      Todavia, enquanto a educação propriamente dita transmite conhecimentos dos valores morais, sociais, cívicos e espirituais, e até insta para que os educandos se tornem morais, sociais, cívicos e espirituais, praticando os respectivos atos, a Pedagogia da Espiritualidade idealiza, cria e institui uma pedagogia específica, “ad hoc”1, para esta prática mediante uma didática que ensina os educandos a cometerem esses atos. E assim, deixando aos educandos a iniciativa, o querer livre e o dispêndio dos próprios árduos, esforços para desenvolverem por esses atos a sua espiritualidade. Por isso cabendo-lhes o mérito do que alcançarem em aperfeiçoamento de suas almas.
d)      A própria Pedagogia da Espiritualidade incorpora a educação propriamente dita do conhecimento dos valores humanos. Em um dos seus quatro procedimentos para preparar os educandos ao cometimentos dos atos, procede-se ao aparelhamento deles para conhecerem, admirarem, valorizarem, quererem e praticarem os atos2. E este procedimento preparatório recebeu o nome de motivação com duração de uma hora.
e)       

1“Ad hoc” (para isso, para este caso; De propósito, adrede”). Adrede (de propósito, de caso pensado).
2São as 5 vivências propiciadoras do exercício concreto dos atos.



CONCLUSÃO. A educação propriamente dita é muito necessária, mas não é suficiente para a espiritualização da qual vem carecendo dramaticamente, se não tragicamente, a espécie humana no seu atual estágio evolutivo.
Terá, por isso, que ser complementada por uma pedagogia e didática específicas, ordenadas direta e eficazmente à prática efetiva dos educandos dos atos pertinentes aos valores humanos morais, sociais, cívicos e espirituais.
Vide nos dois complementos seguintes os futuros vínculos entre a Pedagogia da Espiritualidade e esta 5ª Dinâmica Histórica de desenvolvimento da espiritualidade pela Educação Propriamente dita, a Educação Moral.

1º COMPLEMENTO

     UM VATICÍNIO1 DE KARDEC
(sobre uma futura arte de “formar e corrigir os caracteres2)
QUE REORÇARÁ A EFICÁCIA DA ESPIRITUALIZAÇÃO DESTA 5ª DINÂMICA HISTÓRICA

1(Nosso)


 VATICÍNIO: suposição de algo que pode acontecer com base na realidade atual; prognóstico.


 VATICINAR: prever algo com base em fatos, sintomas, etc.


 CARACTERES: plural de carácter, ou de caráter.


 CARÁTER (acepção que se pode atribuir ao vocábulo no texto doutrinário seguinte): “Firmeza moral, coerência no ato, honestidade” (dic. Houaiss); “Firmeza e coerência de atitudes; domínio de si” (dic. Aurélio)

— GLOSAS DE KARDEC:

 (LE – Q.685ª, p.2): “Quando essa arte (de formar os caracteres, à que incute hábitos) for conhecida, compreendida e praticada, o homem terá no mundo hábitos de ordem e de previdência para consigo mesmo e para com os seus,, de respeito a tudo que é respeitável”. (os grifos são de Kardec).

COMENTO1. Essa arte como se depreende do próprio texto, é a própria educação moral (não pelos livros, isto é teoricamente, mas sim a que incute hábitos.
Outra glosa de Kardec sobre o vaticínio dessa futura arte:

 (LE – Q.917, p.3): “Quando se conhecer a arte de manejar os caracteres como se conhece a de manejar as inteligências, conseguir-se-á corrigi-los (os caracteres), do mesmo modo como se aprumam plantas novas. Essa arte, porém, exige muito tato, muita experiência e profunda observação. É grave erro pensar-se que, para exercê-la com proveito, baste o conhecimento da Ciência”.

     (RE – 1964, pág. 40)

 Ainda com um nítido teor de vaticínio, encontra-se na Revista Espírita de 1964, pág. 40, o seguinte texto de Kardec:


 “Um dia compreender-se-á que este ramo da educação (a educação moral) tem seus princípios, suas regras, como a educação intelectual, numa palavra, que é uma verdadeira ciência; talvez um dia, também, será imposta a toda mãe de família a obrigação de possuir esses conhecimentos, como se impõe ao advogado a de conhecer o Direito”.


 Foram grifados três trechos do vaticínio da futura arte, — e agora, aí também citada como ciência — a arte futura de formar e corrigir os caracteres.


 “Os novos horizontes que abre o Espiritismo fazem ver as coisas de outra maneira; sendo o seu objetivo o progresso moral da humanidade, forçosamente deverá iluminar o grave problema da educação moral, primeira fonte de iluminação das massas”


 Passa-se, em seguida, a extrair desses três textos de Kardec, os elementos vaticinadores e que compõem e caracterizam para conhecimento geral, a futura aste e ciência de formar e/ou corrigir o caráter moral dos educandos.



2º COMPLEMENTO
SINAIS E CARACTERÍSTICAS DESSA ARTE E CIÊNCIA FUTURAS DE EDUCAÇÃO MORAL, PARA FORMAÇÃO E CORREÇÃO DO CARÁTER DOS EDUCANDOS

     ESSAS FUTURAS ARTE E CIÊNCIA DE EDUCAÇÃO MORAL:

 Formarão o caráter e incutirá hábitos morais sadios;


 Serão um dia conhecida, compreendida e praticada;


 Incutirão hábitos de ordem e de previdência;


 Motivarão o educando a respeitar tudo que é respeitável;


 Serão a própria educação moral, o que incutirá hábitos;


 Por isso, não serão apenas teoria, estudada nos livros;


 Serão uma arte idêntica a de manejar as inteligências;


 Corrigirão os caracteres do mesmo modo como se aprumam plantas novas;


 Essa arte e ciência exigirão muito tato, experiência e profunda observação;


 Não bastará o conhecimento da Ciência para exercê-las;


 Em arte e ciência de educar futuras são pautadas por princípios e regras como na educação intelectual (o que significa que será regido por uma pedagogia específica).


 Serão uma verdadeira ciência (confirmando a regência por uma pedagogia).


 As mães de família terão a obrigação de conhecer essa arte e ciência de educar;


 “O Espiritismo forçosamente deverá iluminar o grave problema dessa educação moral”.


     X  —  X  —

— PONTOS DESSA LISTAGEM VINCULADOS:

 Com a Pedagogia da Espiritualidade, e esta como a Educação da alma:

1 – 3 – 4 – 5 – 8 – 9 – 11 – 12 – 14.

 Com uma futura e mais acentuada eficácia espiritualizante da Educação propriamente dita, a Educação Moral, Social, Cívica e Espiritual (Educação da Alma), visando ao comportamento (também moral, social, cívico e espiritual dos educandos):


TODOS OS 14 PONTOS.

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